Campo Lindo

Histórico da Capela de São Sebastião de Campo Lindo

A primeira capela de Campo Lindo foi construída por Manoel Lopes de Medeiros em 1948. Era muito pequena, erguida muito apressadamente e com material ruim. Era um simples quartinho de orações. Feita sem muitos adornos e arquitetura simples sob o encargo do pedreiro José de Alencar Mota, o popular mestre Mota, que já havia feito a capela de Palmeira anos antes. Da mesma forma, sem planta ou sequer um projeto arquitetônico.

Media 10 metros de cumprimento por cinco de largura. Tinha uma sacristia de 2 metros, separada por uma parede dobrada, com duas portas estreitas de cada lado do altar, por onde o padre passava depois de paramentado para as celebrações. A parede e o altar tomavam quase dois metros, em resumo, três paredes dobradas, uma em cada um dos dois oitões e outra no meio. A sacristia e o altar tomavam mais de quatro metros, ficando assim pouco mais de cinco metros de espaço para os fiéis. O teto tinha uma tesoura de madeira serrada e as linhas e caibros eram de madeira redonda, as ripas eram de varas lavradas, todos tirados no mato. Serraria naquele tempo só existia em Sobral, tudo era muito difícil.

O piso era de tijolos comuns, chamados ladrilhos de barro. Era rodeada de calçadas, sendo nas laterais de um metro de largura e no patamar cerca de 4 metros. A porta da frente tinha um metro e meio de largura por dois e vinte de altura. Duas portas em cada lado e uma na parte de trás. A frente da capela era para o norte, justamente o contrário do que é hoje. Essa foi uma exigência dos fundadores, também doadores do terreno, porque a residência deles ficava para este lado. Outra exigência da família foi o padroeiro. Como eram devotos deste santo, ficou combinado com o padre que o padroeiro seria São Sebastião.

O sino foi cedido pelo então pároco de Reriutaba, Padre Expedito Silveira de Sousa. Era este o sinozinho da primeira igreja de Reriutaba, que vivia encostado, sem uso. Serviu até o terceiro ou quarto ano, quando foi comprado um novo e bem maior em Juazeiro do Norte, que funciona até hoje.

O ano da inauguração foi 1949, quando foi celebrada a primeira festa. Neste ano foram comprados uma cômoda de madeira, os paramentos do padre e todos os utensílios necessários para uma celebração. Hoje, isso infelizmente não existe mais. Outra tradição que vem desde essa época são as novenas em veneração a Maria no mês de maio. Eram rezadas as novenas durante os 31 dias do mês, como tem sido até hoje. Sendo assim, essas são as duas festividades permanentes da capela.

Mesmo construída em condições muito precárias, a primeira capelinha resistiu até o ano de 1974 (26 anos), quando no grande inverno desse ano apresentou indícios de que poderia cair. Um grupo de homens do povoado se juntou e a escorou usando troncos de carnaubeira. Nestas condições perdurou por mais quase dois anos. O povo já se esmorecia em ver a situação da capela, sem esperanças de vê-la reconstruída. O então encarregado da época era João Paulo Passos, mais conhecido como João Gerardo.

Assim, as celebrações dos anos de 1975 e 1976 foram feitas do lado de fora, porque o padre da época, Monsenhor Ataíde, já não confiava entrar na capela, assim toda escorada. Em 1977 as celebrações foram feitas sobre os alicerces da nova capela e em 1978 já dentro, ainda sem piso e reboco, mas já erguida e coberta. Era a segunda capela erguida no povoado.

O encarregado na construção da nova capela foi o senhor Amadeu Alves de Medeiros, no paroquiato do Monsenhor José Ataíde de Vasconcelos. Foram seis anos de construção. A nova igreja tinha agora a frente virada para o sul, o que agradou muito o povo. A esta época as coisas já estavam mais fáceis, por isso o material usado na construção foi melhor e o espaço bem mais amplo que a primeira: vinte metros de cumprimento por 10 de largura.

Bem estruturada, alta, com quatro tesouras suportadas por oito fortes colunas, tinha todo o teto de madeira serrada, coberta com telhas de amianto e piso de mosaico estampado. A porta de frente com dois metros de largura por três de altura, entre duas janelas. O sino, ficava numa pequena abertura sobre a porta frontal. Uma corda amarrada ao badalo era usada para acioná-lo. Nas laterais, duas portas e uma janela. Ao fundo, dois janelões basculantes de combogó.

A calçada e o patamar foram revestidos de cimento. Nichos provisórios foram providenciados para a colocação das imagens. O padroeiro, São Sebastião ficou ao centro e as imagens de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (copadroeira, venerada no mês de maio) à esquerda e de Coração de Jesus à direita. Esta estrutura serviria durante 16 anos, até, mais precisamente 1998, quando foi construído o altar. Este perduraria por mais 17 anos, até que em junho de 2015 foi demolido para dar lugar a um novo.

Amadeu Alves ficou encarregado da igreja até 1994, 18 anos no todo. Já no paroquiato do padre Emídio Moura Gomes, a função de encarregado da igreja foi passada para a senhora Mariana Belarmino que ficou na função até fins de 1997, quando o cargo foi novamente repassado, em janeiro 1998, à senhora Vera Alves Furtado. 1999 seria o ano do cinquentenário da capela. Como auxiliar ficou Maria Zeneide da Silva.

Desde a construção da nova capela, havia sacrário, mas só era utilizado em época de festejo. No dia 9 de agosto de 1998, Vera e Zeneide foram investidas por padre Emídio Moura Gomes, ministras da sagrada comunhão, as primeiras de Campo Lindo. Dessa forma, o Santíssimo Sacramento passou a permanecer na capela. Posteriormente a ministra Vera Alves foi nomeada vigária, espécie de coordenador de capela, e Maria Zeneide sua ministra auxiliar.

Neste mesmo ano, os cânticos da última novena e da missa da festa foram solenemente executados pelo tecladista Carlinhos Batista e um grupo de cantoras vindo de Reriutaba. As missas acompanhadas por um ritmo foram tão bonitas que no dia 25 de janeiro, o domingo posterior à festa, juntou-se uma equipe para cantar nas celebrações dominicais, dali em diante, celebradas pela nova responsável Vera Lúcia Furtado. Estava formado o coral São Sebastião.

Ainda em 1998, a comunidade conseguiu construir o tão sonhado altar da igreja. O desenhista do altar foi o senhor Zeca Alves. Tinha uma arquitetura simples e traços rústicos. Os nichos de madeira deram então lugar a estruturas de concreto, tijolos e gesso.

A igreja estava a este tempo mais ativa. Havia celebração todo domingo, e tudo o que se arrecadava era em prol da melhoria da sua infraestrutura. Assim, em 2003 foi feito o rodapé interno, em cerâmica; em 2005 foi construída a sacristia da capela; em 2008 as naves laterais; em 2010 foram retiradas as colunas que davam sustentabilidade às tesouras para que fosse feito o forro em PVC. Neste mesmo ano foi ampliado o presbitério. Em 2012 foram feitos a mesa do altar, uma credence e o ambão, todos em granito bem trabalhado.

Em 2013 foi erguido o cruzeiro em granito preto, inaugurado solenemente pelo bispo de Sobral, Dom Odelir em 19 de maio. A construção custou em torno de R$ 2.800,00 entre material e mão de obra, recurso este conseguido através de doações obtidas em uma campanha criada para este fim. Foi feito por ocasião da passagem das Santas Missões Populares pela comunidade. Frei Alexandre foi o missionário responsável por essas missões que ocorreram em dezembro de 2012, movimento alusivo às comemorações do centenário da diocese de Sobral. A princípio foi feito um provisório de madeira, ao lado da igreja e depois construído o permanente, de alvenaria, em frente à capela.

Em fins de 2013 o forro começou a desprender-se em algumas partes e a coordenação da capela achou por bem fazê-lo em alvenaria. A paróquia agora estava sobre o comando de padre Antônio Marcos Ribeiro. Para a construção desta laje foi feito um projeto que englobaria várias mudanças na estrutura da capela. O idealista arquitetônico foi Cícero Eudes da Silva, o responsável pelo desenho e planta baixa do projeto foi Bertulino Peres e o engenheiro que desenvolveu a parte estrutural foi Augusto Azevedo.

As obras tiveram início no dia 09 de junho de 2014. Até julho de 2015 foram 3 etapas. A primeira foi para construção da laje da nave central e o coro. A segunda para a construção da laje das naves laterais e a terceira para construção da laje da sacristia, capelinhas, banheiro e altar.

No presente momento encontra-se ainda em reforma. Por ser um projeto ousado, tem conclusão prevista para longo prazo. O projeto original prevê uma reforma geral, em que muito pouco será mantido da antiga estrutura. Será elevado e modificado o piso, construído novo altar e presbitério, construídas as capelas do santíssimo e do batismo, um coro, banheiro, piso superior sobre a sacristia, duas torres, troca de portas e janelas, além de nova localização destas, remodelação arquitetônica completa da fachada, alteamento do teto de 4 para 7 metros de altura, dentre outras.

Apesar disso, em novembro de 2015 começou também uma campanha para a compra de uma nova imagem de Jesus Crucificado. Com o novo altar, a imagem do santo padroeiro saiu do centro, dando lugar a esta imagem. Doravante, São Sebastião e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro ficaram um em cada lado do altar.

O novo santo medindo cerca de 1,50m de altura, foi comprado nas Lojas Paulinas, em Fortaleza, por R$ 4.382,35. Uma figura importante nas negociações foi o padre Domício, filho de Cabaceira. A imagem não seguia a cruz, que foi encomendada em Campo Lindo mesmo.

Hoje, em fins de 2015, a capela conta com vários grupos pastorais. O mais antigo é o coral São Sebastião, formado em 2008, existe há mais de 17 anos. Quase na mesma época foi formada a equipe de liturgia, sob a coordenação de Sílvio Cardoso, hoje está sob a responsabilidade de Luziana Lima. A catequese também foi outro grupo que desde sempre atuou na capela, tendo começado com as senhoras Cecília e Raimunda Faustino há muitos anos atrás, já contou com inúmeros colaboradores ao longo do tempo.

O apostolado da oração foi formado em 2000, e nestes 15 anos de existência sempre teve à frente a senhora Carolina Alves. O apostolado da Mãe Rainha foi criado também no ano 2000, tendo como primeira coordenadora a senhora Julia Nascimento (In memorian). O terço das crianças foi criado em 20 de julho de 2013, sob a coordenação da senhora Raimundo Gerônimo. O terço dos homens foi criado em dezembro de 2014, sob a coordenação do senhor Antônio Eudes Mesquita. O IAM, Infância e Adolescência Missionária em dezembro de 2014, sobre a coordenação de Pedro Henágio. O terço das mulheres foi criado em março de 2015, sob a coordenação da senhora Antônia Furtado. A pastoral do batismo foi criada em janeiro de 2014, tendo à frente o casal Antônia e Manoel.

A equipe de coordenação planeja-se e trabalha arduamente para que em 2019, na comemoração dos 70 anos da capela, a obra esteja concluída para que seja feita a reinauguração oficial do prédio.